Mirta Roth encontrou mala cheia de dinheiro sem valor monetário atualmente (Foto: Reprodução/RBSTV)
Depois de ter pensado que o avô teria escondido uma fortuna em uma mala
encontrada dentro de um guarda-roupa, uma catarinense de São Bonifácio,
Grande Florianópolis, descobriu que o montante não valia tanto quanto
esperava. Em 2014, durante uma faxina na casa da mãe, Mirta da Silva
encontrou milhares de notas de cruzeiros, cruzados e cruzados novos
dentro do recipiente de couro que estava em um guarda-roupa.
Ao todo, na mala, estavam 1.390.105 cruzeiros, 35.650 cruzados e 100
cruzados novos. Nesta sexta-feira (15), a neta descobriu que a família
nunca ficaria rica com as economias do avô - o valor monetário dos
cruzados compraria apenas 114 quilos de feijão na época e, com os
cruzeiros, não seria possível adquirir nem um carro.
Mirta diz ter ficado "indignada" ao ver que o dinheiro havia sido
acumulado por tanto tempo pelo avô, Nicolau, que era comerciante. "A
gente dizia [para ele]: 'dá um dinheirinho pra mim?'. 'Nada, nada, nada
disso ele dizia'. 'Vovô não tem dinheiro. Falta, não tem", ele dizia",
recorda a neta.
Poder de compra
Procurada pelo
G1 nesta sexta, a neta soube pela
primeira vez do que o dinheiro poderia comprar na época. Com os
cruzados, por exemplo, segundo a economista Janypher Marcela Inácio,
compraria, no máximo, 114 quilos de feijão em 1988. "Já daria pra tirar
um pouco o 'pé do lodo'. Já me ajudaria muito ou, pelo menos, iria comer
bem", brincou Mirta.
A compra de feijão em um mercado foi a avaliação mais precisa feita
pela economista. Em 1988, o preço tabelado médio do quilo da leguminosa
era de 312 cruzados. Com a quantidade de dinheiro que havia na mala,
seria possível comprar aproximadamente 114 quilos do alimento. Pensando o
preço médio do feijão preto em 2014 como R$ 5, o poder de compra do
montante guardado em cruzados equivaleria hoje cerca de R$ 570.
Dinheiro antigo foi guardado pelo avô de Mirta
(Foto: Reprodução RBS TV)
"O cálculo é dificil por causa da hiperinflação do período e da troca
de moedas muito rápido. Além do mais, não temos a época exata que ele
foi guardado. O cruzeiro, por exemplo, foi utilizado em três períodos
diferentes (1970 a 1984, 1984 a 1989 e 1990 a 1993), com valor de compra
diferente em cada", afirma a economista. Por isso, valorar exatamente o
poder de compra na época fica difícil, segundo a Janypher.
Com a quantidade de cruzeiros que possuía, considerando a última fase
de circulação da moeda, na década de 1990, o avô não conseguiria sequer
comprar um carro. A economista cita como exemplo um Gol GTI - modelo de
carro esportivo -, que valia 307,3 milhões de cruzeiros na época.
Considerando o valor que havia na mala, 1.390.105 cruzeiros, a família
precisaria pagar 222 parcelas deste valor para adquirir o automóvel, ou
seja, seriam 18 anos de economia.
Mesmo assim, a herdeira não se conforma com o dinheiro guardado por
tanto tempo. "Se hoje meu avô tivesse vivo, eu tiraria satisfações com
ele", ri a neta.
Créditos - Portal G1